sábado, 15 de outubro de 2011

Meia Noite em Paris - Nonsense e Realismo Fantástico

Sou uma grande fã do senhor Woody Allen. Perdi as contas de quantos filmes dele assisti (sem exagero, foram muitos). Vi das coisas mais incríveis até as histórias mais sem sentido e por essa razão sempre que o diretor-produtor-roteirista-ator lança um novo trabalho fico extremamente curiosa para conferir o que ele vai aprontar. Aqui vai um texto cheio de elogios derretidos de uma fã para o seu ídolo.
Quando as gravações de Meia Noite em Paris começaram, bateu aquela vontade (que por hora só podia ser saciada com os filmes anteriores) de ver Wood Allen em cena com seus trejeitos e seu egocentrismo e tudo mais que lhe é peculiar. Ainda, os últimos filmes de Allen são obras incríveis. Desde Match Point e passando por Vicky Cristina Barcelona, Tudo Pode Dar Certo e Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos assisti-lo tem sido sempre experiências extremamente prazerosas. E eis que alguns meses depois das primeiras notícias sobre o filme que traria no elenco, entre outros astros, a diva Carla Bruini eu finalmente pude assistir o grande Woody Allen fazendo o que, em minha opinião, ele faz de melhor, escrever e dirigir. O filme é uma dessas declarações de amor. Uma declaração de amor à arte e à Paris – que formam um casal perfeito, diga-se de passagem.
Fazendo uso, sem nenhum pudor, do nonsense e do realismo fantástico o filme faz uma viagem no tempo e nos leva aos dias em que Paris era cercada de artistas que efervesciam em criatividade e inspiração. Por alguns minutos Allen, sempre tão metódico com seus padrões estilísticos, abre mão de seu habitual início de filme fundo preto com letras brancas, para desfilar pelas ruas de Paris de maneira despretensiosa e despreocupada ao som de um jazz irresistivelmente convidativo (facilmente sairia dançando por aí ao som dessa melodia). 
Na sequência somos apresentados a Gil Pender (Owen Wilson) um roteirista de Hollywood que está cansado de escrever histórias adoráveis, mas que são facilmente esquecidas pelo público e a sua noiva fútil, irritante e muito estadunidense Inez (Rachel McAdams). Gil e Inez se encontram em sintonias diferentes. Enquanto ele pensa em abandonar Hollywood e mudar-se para Paris para escrever “literatura de verdade”, Inez sonha com uma casa em Malibu e uma vida Hollywoodiana.
Gil enxerga em Paris a sua conexão com o que considera “grande arte” e se fascina ao pensar sobre os artistas que por lá circulavam da década de 20 - década essa que ele considera como “década de ouro” onde as pessoas eram mais felizes e a vida era bem mais aprazível. Em uma de suas fascinantes e contemplativas caminhadas pelas ruas da belíssima Paris, Gil ouve as 12 badaladas de uma igreja e mergulha de volta para a sua tão sonhada década de ouro. E nesse sonho real encontra com aqueles que considera os ícones de tudo que a "grande arte" produziu para humanidade... encontrar-se com o casal Zelda e Scott Fiztgerald e conversa sobre o livro que está escrevendo com Ernest Hemingway, discute sobre arte e vida com T.S. Eliot, Salvador Dalí, Man Ray e Luis Buñuel, tem a chance de ver Picasso discutindo uma de suas obras e se apaixona pela bela Adriana (Marion Cotillard). Tudo meticulosamente encaixado para nos fazer compreender - mesmo para os que não possuem referências sobre arte - sobre a beleza daqueles personagens histórico.
Owen Wilson "encarna" o alterego de Woody Allen provando por A+B que seu talento é indiscutível. Os trejeitos, a verborragia e até mesmo a voz de Wilson nos lembram a todo momento que esse é sim um filme de Woody Allen, em todos os sentidos, mas ao mesmo tempo imprime características tão originais que faz de Gil uma persona tão sua quanto de Allen. 
Meia Noite em Paris é também uma experiência cinematográfica deferente, pois aqui não importa muito como a história acaba, e sim como os acontecimentos se desenrolam, como Gil vive aquela experiência surreal. 
Quando Gil, finalmente, tem uma epifania sobre a sua vida e sobre a tal "era de ouro", voltamos a observar um Allen "desencanado" que defende a vivência do momento presente e a ideia de que a "era de ouro" é o momento em vivemos, não importando a sua representatividade histórica e/ou cultural. Pois, a vida é grandiosa de mais para não ser vivida hoje, ou para ser vivida sem grandiosidade.
Achei (e isso lá importa? Quem liga para o que Eu acho?) um filme lindo, uma história encantado e personagens inesquecíveis. Mas vá com calma. Lembre do que eu escrevi no início, sou uma fã do cara, daí pra mim é bem fácil gostar do filme.   

Nota: 10 - e meio!

Jor

Gil: Acabei de ter um Insight. É bem fraco, mas explica o sonho frenético que tenho tido.
Adriana: Que sonho?
Gil: Na noite passada tive um pesadelo no qual ficava sem antibiótico. Fui ao dentista e ele não tinha anestésico. Entendeu? As pessoas não tinham antibióticos?
Adriana: Do que você tá falando?
Gil: Adriana, se você ficar aqui isso se torna o seu presente e logo vai começar a  imaginar que outra época é que realmente é a "era de ouro". Então o presente é assim, é um pouco insatisfatório porque a vida é insatisfatória.   
Adriana: Este é o problema dos escritores. São cheios de palavras. Mas eu sou mais emocional. Eu vou ficar em Paris vivendo em sua era mais gloriosa. (Midnight In Paris)  

3 comentários:

  1. Como seu blog está lindo!!! Entonces, mas eu vim mesmo comentar que seu blog está lindo sabe por quê? Nunca assisti um filme do Woody. Tudo bem se não quiser mais ser minha amiga depois dessa revelação kkkk.
    Mas você falou tão apaixonada do filme que agora quero assistir e lá vou eu para minha primeira experiência com o mestre do cinema.

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  2. Não é meu preferido (Amo Match Point e A Rosa Púrpura do Cairo), mas sem dúvida é delicioso!
    Tem um significado especial pra mim porque eu vi no cinema na última vez em que estive com alguém muito especial...

    Beijos fartíssimos pra ti, Florzinha!

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  3. Suas lindas, obrigada pela visita! Voltem sempre.
    Grande beijo <3

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