sábado, 21 de agosto de 2010

Um Olhar do Paraíso

A questão mais aflitiva para o espírito no Além é a consciência do tempo perdido. (Chico Xavier)




Gosto de filmes que me fazem pensar, mas também gosto de uma bobagem de vez em quando pra que a vida fique um pouco mais leve. Dia desses achei um filme meio sem querer que consegue ser uma bobagem e ao mesmo tempo me fez pensar muito depois que acabou. Gostei da capa (um paisagem tão linda) e tinha a Rachel Weisz no elenco (desde o Jardineiro Fiel eu fiquei meio fã da moça), daí apostei na história que a princípio não me dizia muita coisa. Um Olhar do Paraíso retrata a história de Susie Salmon (Saoirse Ronan) uma menina de 14 anos que depois de morta por um assassino em série, passa a observar os fatos que envolveram a sua vida e a sua morte do paraíso. Um filme com cenários de tirar o fôlego de tanta perfeição que exibe. Imagens bem coloridas que contrastam com o tom pesado que cerca a morte e o desaparecimento da menina.
Algumas cenas são extremamente emocionantes. Cenas em que a menina se indaga sobre o que ela seria agora depois de morta; seria ela a filha, a menina desaparecida, a menina morta? E ainda nas cenas em que ela se questiona porque cedeu às investidas do assassino, cenas em que ela se culpa pela morte prematura, uma angustia compreensível, mas nada real, afinal o único culpado da história é George (Stanley Tucci – em uma excelente atuação, diga-se de passagem) o assassino que me fez, em muitos momentos, sentir o estomago embrulhar.
Ando numa fase sem muitos pilares de verdades absolutas... todas as minhas bases foram destruídas e passam agora por um momento de (re) significação total (vale até dizer que não sei mais no que acredito). Isso não é nada ruim, digamos que essa tal liberdade de não saber em que acreditar faça-me até bem. Entretanto, não posso me manter indiferente a coisas que não possuem uma explicação “lógica”. Afinal, não foi Einstein, o pai da relatividade, que disse que quanto mais ele estudava o universo, mais tinha a convicção da existência de um poder superior?! Pois é assim que sinto quando assisto ou leio coisas que retratam a vida e a morte. Seria isso possível? Seria possível deixar essa vida e observá-la de outro plano astral? Seria possível até continuar interferindo nessa vida, mesmo depois de morto?
Sinceramente? Não sei. Mas confesso que de todas as teorias cristãs, a espiritualista é a que mais me agrada. Seria muito bom ter uma segunda chance ou ainda poder, vez ou outra, lançar olhares no paraíso (que segunda essa teoria tem a cor e o jeito particular de cada um individualmente).
A crítica não aprovou o filme de Peter Jackson. Alegação de que a história não se aprofunda no drama real foi a mais recorrente. Mas a história é complicada. Afinal, qual seria o jeito certo de narrar o estupro e morte de uma garota de 14 anos? Não acho que a história seja rasa, ao contrário. O drama fica por conta do apego que Susie gera no espectador nos primeiros momentos da trama... é difícil imaginar aquela menina com cara de anjo sendo violentada e esquartejada por um maníaco. É isso. Acho que opção pela delicadeza foi a melhor a ser seguida nessa história.
E como diz a linda Susie no final do filme:

Desejo a Todos Uma Vida Longa e Feliz! 

Trailer:


Enjoy ;-) 

sábado, 14 de agosto de 2010

Amor Sem Escalas Não. Up in The air!

Esperei a segunda impressão para lançar aqui no meu espaço alguns comentários sobre essa belíssima produção cinematográfica. Não que esse seja um daqueles filmes que custaram milhões e renderam milhões em bilheteria, não é isso. Mas esse filme faz da sua simplicidade uma grande arma para conquistar todos aqueles que o assistem (em conversas com amigos todos demonstraram um grande apreço pelo filme).
Estrelado pelo belo George Clooney (Queime depois de Ler, Siriana e O Amor Custa Caro) e pela estonteante Vera Farmiga  (Outono em Nova York, Os Infiltrados e O Menino do Pijama Listrado), Up in The Air narra a história de Ryan Bingham um consultor contratado por empresas para realizar demissões. Diante da ultima crise mundial o filme retrata uma realidade a que os Estados Unidos teve que se submeter durante esse período. Entretanto, esse filme é inspirado em um livro homônimo lançado em 2001, quando essa mesma nação já mostrava sinais da crise que estaria por chegar, prova do caráter atemporal que a literatura possui, mudam se os cenários mas os temas continuam atuais. 
Pelo personagem central, a princípio, é dificil estabelecer qualquer relação de simpatia visto a suposta frieza que o mesmo demonstra durante as demissões que realiza. Contudo, ao decorrer da história Ryan demonstra todo o jogo ético que está envolvido no trabalho que realiza. Demitir apenas, não é um prazer, é um trabalho, e quanto a isso o que ele espera é realizar essa tarefa com um mínimo de respeito às pessoas envolvidas nesse processo. 
Mas além das questões sociais que o filme aborda, o que me encantou nessa trama, o que me fez emocionar ao final dela foi a mensagem sutil trazida em sua história: a solidão pode ser uma opção de vida, ou apenas o resultado de escolhas inconsequentes?
Ryan não estabelece relações profundas com ninguém. Ele usa o seu trabalho como a desculpa perfeita para evitar relacionamentos mais profundos, foge da aproximação até com a família... pra ele as viagens que realiza dá o sentido que a sua vida merece ter. Entretanto, quando conhece Alex (Vera Farmiga) essa sensação de conforto que a solidão lhe traz muda completamente. Alex o faz querer algo mais, um algo rejeitado por ele tantas vezes e que depois dela passa a fazer um sentido que nem ele esperava achar. 
Gosto ainda mais do filme pois o seu final foge do convencional. Claro que não vou falar aqui o que acontece, mas só digo que ele surpreende. Gosto de finais reais... a fantasia as vezes é bem mais cruel que a realidade. 
Aos solitários, como eu, digo que preparem se para se reconhecer em vários momentos da trama e claro, aos solitários sentimentais como eu, digo que se preparem para chorar em vários momentos da trama. 
A solidão me assusta como poucas coisas nessa vida fazem. Não que me incomode com ela, não é isso. Gosto de estar só, gosto da minha companhia e  das minhas manias solitárias. O que me incomoda é que até os solitários mais convictos (conheço muitos), uma hora ou outra reclamam desse estar só... tenho medo do dia em que a solidão começar a me incomodar.
Por Jordânia Azevedo 
Desculpem eu ser eu. Quero ficar só! Grita a alma do tímido que só se liberta na solidão. Contraditoriamente quer o quente aconchego das pessoas. (Clarice Lispector)