O que dizer de um filme David Fincher?
O cara já sai na frente por conta do currículo, né? Quem faz coisas como, O curioso Caso de Bejamim Button (um dos filmes mais bonitos que já vi), Seven, Clube da luta já merece nossa atenção automaticamente. Mas claro que currículo só não basta; tem um monte de gente que faz coisas maravilhosas durante a vida e de vez em quando comete uns erros bem grosseiros. No entanto, esse definitivamente NãO foi o caso com A Rede Social. Fincher não utiliza grandes efeitos, mas consegue com maestria fazer de seu filme um grande momento do cinema mundial.
A Rede Social conta a história de um nerd sem grandes habilidades para interações sociais, obcecado por fraternidades (coisa típica de universidades estadunidenses) e com uma grande interesse em se tornar "parte" de um grupo. Esse nerd tão bem interpretado por Jesse Eisenberg (achei tão bonitinho ele em Zumbilândia) é hoje um dos jovens mais bem sucedidos do mundo, o famoso criador do facebook Mark Zuckerberg, uma das redes sociais mais importantes do momento. Entretanto, A Rede Social mais que um filme que relata a "criação", ou como queiram chamar, do facebbook, é um filme que consegue em grande parte retratar a primeira geração emergida da expansão da internet como conhecemos hoje. A geração das relações à distância, que necessita tão grandemente da aceitação em grupos ou tribos que mais que juntar pessoas, as isola umas das outras. A geração sedenta por atenção e aceitação.
Ao terminar com a namorada, Mark vai pra casa e inicia, através de seu blog, um linchamento público contra a garota com ofensas bem peculiares à seu respeito, logo o seu blog ganha um grande número de acessos e o mesmo resolve então promover uma eleição via web da garota mais "quente" da escola. Pronto... Mark ganha fama (nada boa a princípio) e acaba sendo acionado por dois irmãos do campus em que ele estuda que tinham uma idéia boa mas nenhuma capacidade para executá-la. Mark se apropria da idéia dos irmãos Winklevoss e com o suporte financeiro do único amigo o também estudante e brasileiro Eduard Saverin, coloca no ar o site de relacionamento que conhecemos hoje como Facebook .
O filme já nos cansa de inicio com a "verborragia" de Mark Zuckerberg em um dialogo interminável com a tal namorada que o Mark da vida real afirma nunca ter existido. Ao mesmo tempo e no mesmo plano de cena a baixa iluminação, o caráter pretensioso do personagem central e a trilha sonora nos prende para os próximos movimentos da trama. Movimentos esses muito ágeis e intimamente conectados como se Fincher estivesse reproduzindo através de seu filme a mesma urgência de informação e de relações (relacionamentos) sentida nos dias atuais.
Um Plot muito bom, com direção à altura e interpretações bem peculiares (Justin Timberlake faz uma ponta no filme). Indicado para os apreciadores - aqueles-que-realmente-gostam-e-entendem-um-pouquinho da sétima arte.
Até que ponto estamos realmente conectados? Até que ponto as tais redes sociais estão realmente sendo responsáveis por interações sociais? As respostas virão no futuro ou já estaríamos colhendo os frutos dos isolamentos produzidos pelo distanciamento imposto pelo mundo digital? Para a tal namorada Mark Zuckerberg ele é um ser desprezível; para mim Mark Zuckerberg é uma vítima das relações na contemporaneidade.
Jor
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