A crise econômica dos últimos anos reordenou o mundo e o seu status quo, influenciando nos setores políticos, sociais, econômicos e culturais o crescimento gradual e coletivo de uma insegurança pouco vivenciada desde a crise de 1929. Quem de nós está realmente seguro do futuro econômico do planeta? Todos os dias somos bombardeados de informações sobre as crises nas mais diferenciadas nações do mundo. Não estamos seguros e nem nos sentimos seguros. Daí, pensando em entender os caminhos dessa crise (passado, presente e futuro), comecei a escolher algumas histórias com essa temática. Já vi um drama relacionado ao tema, um documentário, mas hoje resolvi escrever sobre uma comédia romântica bobinha que traz essa temática como plano de fundo.
O par romântico da história não poderia ser mais fofo. Julia Roberts e Tom Hanks formam um par muito bonito de se ver. Larry Crowne (Tom Hanks), um simpático gerente de vendas em um grande supermercado é demitido em um dos cortes realizados durante a crise econômica. A desculpa usada para a sua demissão é que ele não se qualifica mais para o cargo, visto que não fez uma faculdade que justificasse o seu "alto"salário e sua posição na empresa. Larry não foi a Universidade, pois passou dez anos servindo a Marinha como cozinheiro e o que até então tinha sido até motivo de orgulho naquele local, agora era o motivo de sua demissão.
Arrasado com sua nova realidade financeira, ele parte em busca de uma posição no mercado de trabalho. Mas em tempos de crise arrumar um trabalho na mesma posição e ainda sem nível superior seria uma causa muito complicada. Assim, ele resolve fazer faculdade de economia. Larry cisma que vai entender como funciona a coisa que o tirou da ativa. Na faculdade ele conhece Mercedes (Julia Roberts), uma professora de oratória que está desiludida com a profissão e desestimulada pela maneira que os jovens se comportam em sala hoje em dia (lei nessas linhas a minha incrível identificação com ela). Mal-humorada e amarga (olha que em alguns dias essa sou eu) ela ainda tem que lidar com um marido que não trabalha e passa o dia em sites de pornografia. Para esquecer seus problemas, ela bebe e adivinhem onde isso vai parar. Pois, é!
Larry, que a principio, parece mais um nerd desengonçado e envergonhado, vai se transformando com a ajuda de Talia (Gugu Mbatha), uma colega de sala, em um charmoso cinquentão que aos poucos conquista o coração da professora amarga e durona. Se alguns rotularam esse filme como uma história de autoajuda, chata e aborrecida, eu diria que toda a positividade de Larry (mesmo desempregado e correndo o risco de perder sua casa para o banco) é contraposta pela postura carrancuda e pouco amável de Mercedes. Essa é uma história que trata de maneira bem didática como as pessoas perderam suas casas para os bancos durante a crise Estadunidense e de como muitas dessas perdas aconteceram pela falta de informação acerca de seus direitos individuais diante das hipotecas.
O filme não foi um sucesso de bilheteria e não teve o êxito que se esperava entre os espectadores, mas digo a vocês que achei uma história muito bonitinha e recomendo.
Jor